Tedeschi espera que estudos subsidiem novos rumos para a saúde
O médico Ricardo Tedeschi Matos, presidente da Regional Piracicaba da Associação Paulista de Medicina (APM), espera que, nesse momento em que os governos se renovam, dados técnicos, como os contidos no estudo Demografia Médica, que levantou a distribuição dos profissionais no país, sirvam de subsídio para que os eleitos entendam a necessidade de transformação urgente na saúde em nosso país.
No caso específico do estudo – feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e financiado pelo Conselho Federal de Medicina e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo – Tedeschi reporta a desigualdade existente nas diferentes regiões do Brasil e lembra o impacto que essa má distribuição de médicos tem sobre a vida das pessoas.
“A desigualdade é dura e cruel em qualquer circunstância. Na saúde mais, à medida em que sabemos do volume de pessoas que morre sem atendimento adequado nesse Brasil que mescla desertos e hiperconcentração de médicos”, avalia o presidente da APM.
Defensor incansável da humanização na prática médica, Tedeschi lembra que o estudo mostrou que o número de médicos no Brasil chegará a meio milhão em 2020, mas revelou cenários que remetem a mundos diferentes em um mesmo país.
A título de comparação, a pesquisa Demografia Médica mostra que, enquanto o Distrito Federal tem 4,35 médicos por cada mil habitantes __ a mesma média da Suíça __, no Maranhão, o percentual é 0,87 médico para o mesmo grupo de habitantes, ou seja, menos de um profissional.
E revela realidade ainda mais dura: a existência de cidades com menos de 5 mil moradores, com 0,3 profissional, padrão encontrado em países africanos.
Em Piracicaba, segundo o médico, temos uma situação privilegiada: 2,5 médicos para cada mil habitantes, percentual superior à média de nossa região, que é de 1,76 médico por mil habitantes nas 26 cidades da área de abrangência do Departamento Regional de Saúde de Piracicaba (DRS X) que tem 1,5 milhão de habitantes e 2.686 médicos ativos.
“A cidade está dentro da meta traçada pelos Ministério da Educação e Saúde, de chegar aos 2,7 mil profissionais por mil habitantes em 2026. Apesar disso, como outras cidades brasileiras, não fica livre dos problemas com a falta de profissionais no sistema público, especialmente os plantonistas, o que acaba gerando filas e problemas de atendimento nas unidades de urgência”, relata.
Na opinião de Ricardo Tedeschi, se conseguirmos superar os desafios, corrigindo problemas estruturais que provocam a má distribuição, como plano de carreira médica, condições de trabalho nas mais diversas localidades, estratégias e gestão para todas as regiões onde eles são necessários, inclusive com melhores critérios para os locais de abertura de novas faculdades de medicina, poderemos avançar outros estágios.
“Se isso for possível, teremos uma medicina naturalmente mais humanizada, essa que defendemos e que perseguimos todos os dias. E não a medicina sufocada pela pressa, pelas carências, pelo abandono que encontramos, especialmente na saúde pública”, diz.
Crédito da foto do dr. Ricardo Tedeschi Matos: Roberta Blanco
Escrito por
Toda Mídia Comunicação
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