Eles são cinquentões, não de vida, mas de tempo de trabalho na quase centenária Dedini Indústrias de Base. São trabalhadores que atravessaram meio século lá dentro, vivendo muitas fases, de crises a vitórias. E neste dia do Trabalho eles compartilham um sentimento único: sentem-se coadjuvantes de uma história de superação.

Uma feliz coincidência colocou Luiz Ademir Fuzatto, 65, dentro da Dedini. No final de uma tarde de setembro de 1969 ele precisou pegar a bola que jogava na rua com os amigos, dentro da casa de um vizinho. E, ao ser abordado, foi convocado a ir até empresa no dia seguinte, “para trabalhar ao invés de ficar na rua”.

O vizinho era diretor na empresa que deu a ele, na época com apenas 15 anos, a oportunidade de abraçar muito mais do que um trabalho. Esse convite, que ele relembra comovido, mudou literalmente seu destino

Fuzatto começou a trabalhar em outubro de 1969 e foi efetivado dois meses depois. Seu primeiro cargo foi de office-boy e passou por vários outros: auxiliar administrativo, as várias funções do setor de planejamento de produção, incluindo a gerência, até chegar a superintendente comercial e, hoje, superintendente da Caldeiraria Matriz.

Ao longo desses 50 anos, Fuzatto viveu muitos momentos marcantes. Em 1974, ao concluir o ensino técnico na Escola Industrial, passou em um concurso para trabalhar na Barragem de Ilha Solteira, mas a empresa não deixou que ele fosse embora.

A Dedini é tão forte em sua vida, que foi nela que ele conheceu a esposa, Cidinha, que trabalhava na área de assistência social e só deixou o trabalho que também amava para cuidar do filho Luiz Otávio, que nasceu em 1986.

O amor pela empresa é tanto que Fuzatto diz que o nome Dedini é seu próprio nome. E, apesar do cargo e dos 50 anos de trabalho, ele conta que nunca teve um afastamento. Acorda todos os dias com a mesma disposição para o trabalho, pronto para “matar os leões”, como costuma brincar. Chega às 7h30 e sai às 18h, religiosamente.

“Trabalhar na Dedini é maravilhoso. Tivemos uma crise difícil, entramos em Recuperação Judicial e estamos trabalhando fortemente para a Dedini se recuperar, mostrar a força de seu nome. Poder viver esse momento, chegar aos 50 anos de trabalho aqui dentro, tem um sabor de pertencimento”, diz.

Esse mesmo sentimento é compartilhado por outro “cinquentão”. Valdir Maria de Souza, 65, começou na empresa em junho de 1969. Estudante do Senai, foi levado à Dedini pelos tios, na verdade seis irmãos de sua mãe, todos funcionários da empresa.

Desse dia em diante sua vida tem sido a Dedini. E o amor é tanto, que Valdir confessa ser “casado” com a empresa, e brinca que tanta dedicação até desperta um certo ciúme na esposa Conceição, que também trabalhou no RH em uma das unidades.

“Existe um sentimento muito difícil de traduzir. Um amor pelo trabalho, um orgulho, que só quem vive nesse ambiente consegue entender”, comenta Valdir, que começou na produção, mas desde 1973 atua como técnico de processos.

Ao longo desses 50 anos ele recebeu vários convites para mudar de emprego, mas nunca cogitou deixar a empresa que tanto ama. Também recebeu e encaminhou inúmeros currículos, de pessoas que sonharam trabalhar na empresa.

Valdir conta que graças à confiança que sempre teve por parte da empresa, pode acompanhar todas as fases, das crises ao crescimento, e cresceu junto. Por meio do trabalho constituiu família, construiu sua casa e formou a filha única, Mariana, hoje arquiteta.

“O ambiente, as amizades e o aprendizado fazem da Dedini uma grande escola de vida. Tenho o privilégio de viver essa história e fazer parte dessa grande família”.